Rodada de Negócios discute metas habitacionais e desafios para o setor de construção civil

Nesta quarta-feira (14), a Comissão de Habitação de Interesse Social (CHIS) da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) promoveu uma Rodada de Negócios em Brasília, reunindo figuras importantes do setor habitacional para discutir as metas e os desafios que envolvem a construção de unidades habitacionais no Brasil. O evento contou com a presença de representantes do Ministério das Cidades e da CAIXA Econômica Federal, além do vice-presidente da área de Habitação de Interesse Social (CHIS) da CBIC. 

Metas ambiciosas para o governo federalHailton Madureira iniciou sua fala apresentando um panorama das metas do governo para o setor habitacional nos próximos meses. Segundo ele, o governo federal já autorizou a construção de 45 mil unidades habitacionais até o momento, mas a meta é atingir 80 mil até o final de agosto e 120 mil em setembro. Madureira destacou que essas metas são fruto de um esforço conjunto entre o governo, a Caixa Econômica Federal e o setor de construção civil, que têm trabalhado para atender à crescente demanda por moradias no país.

Além disso, Madureira anunciou que há um compromisso firme de entregar 40 mil casas no próximo ano. “Essas unidades serão distribuídas de forma a atender às regiões que mais necessitam, e a nossa expectativa é que as 120 mil unidades contratadas até setembro sejam entregues até o primeiro trimestre de 2026”, afirmou o secretário. Para garantir a execução desses projetos, o governo já disponibilizou R$ 2,8 bilhões destinados ao Fundo de Arrendamento Residencial (FAR), que serão aplicados na construção de 14 mil casas no Rio Grande do Sul. Adicionalmente, um montante de R$ 1,3 bilhão foi recentemente liberado por meio de uma medida provisória, totalizando um esforço orçamentário robusto para viabilizar a construção habitacional.

Madureira enfatizou ainda que o governo tem se preocupado em garantir que não faltem recursos financeiros para o setor, mencionando que já foram pagos R$ 2 bilhões ao FAR, assegurando a continuidade dos projetos. Além disso, o valor teto para a construção de casas foi elevado para R$ 200 mil em algumas regiões, o que permitirá a inclusão de infraestrutura não incidente dentro desse valor. “Esses recursos são parte de um esforço contínuo para atender à demanda habitacional e garantir a entrega de unidades em um prazo adequado”, explicou. 

Critérios rigorosos para seleção e execução de projetos – No que diz respeito à seleção de projetos habitacionais, Hailton Madureira ressaltou que os critérios do governo estão focados na eficiência e na capacidade de entrega rápida. Os projetos devem ser apresentados pelas construtoras, que precisam demonstrar habilidade para transformar os recursos em obras concretas. “Os critérios de seleção consideram a necessidade habitacional das regiões e a capacidade das empresas em entregar as casas em um prazo de 10 a 15 meses. Queremos que as construtoras assumam o compromisso de cumprir esses prazos rigorosos”, afirmou.

Madureira também destacou que a seleção de projetos leva em conta a capacidade de inovação das construtoras, especialmente em termos de técnicas de construção que possam acelerar o processo e reduzir custos. “Estamos incentivando o uso de tecnologias inovadoras, como sistemas de paredes de concreto, que permitem uma construção mais rápida e eficiente”, acrescentou.

Desafios enfrentados pelo setor de construção civilDurante o evento, Clausens Duarte, vice-presidente da área de Habitação de Interesse Social da CBIC, ofereceu uma visão detalhada dos desafios que o setor de construção civil enfrenta para cumprir as metas estabelecidas pelo governo. Segundo ele, a meta de 40 mil habitações, embora menos desafiadora que as metas governamentais, representa uma verdadeira “corrida contra o relógio”. Duarte enfatizou que o cumprimento dessa meta rapidamente é crucial para evitar riscos inflacionários que possam comprometer os projetos.

“Quanto mais tempo levar para cumprir essa meta, maior será o risco associado a questões inflacionárias e outros fatores externos. Estamos em um cenário onde os preços dos materiais de construção estão voláteis, e isso pode afetar significativamente os custos finais das obras”, afirmou Duarte. Ele também destacou que a maioria das obras deve ter um prazo de execução em torno de 12 meses, especialmente aquelas que utilizam sistemas construtivos inovadores. “O uso de tecnologias como paredes de concreto é uma solução que temos incentivado para acelerar os prazos e reduzir os custos, mantendo a qualidade das obras”, explicou.

Duarte também mencionou a importância de demonstrar ao governo que os investimentos estão sendo convertidos em resultados tangíveis, como a entrega de casas dentro dos prazos estipulados. “Precisamos mostrar que o setor é capaz de responder rapidamente à demanda e que os recursos estão sendo bem aplicados. Isso é essencial para garantir a continuidade do financiamento e para atrair mais investimentos para o setor habitacional”, disse.

O papel estratégico do FGTS na habitação – Cíntia Teixeira, Superintendente Nacional do Fundo de Garantia na Caixa Econômica Federal, apresentou um panorama das responsabilidades e desafios enfrentados pelo FGTS no financiamento habitacional. Ela destacou que o FGTS é um dos principais pilares do financiamento habitacional no Brasil, especialmente para famílias de baixa e média renda. O fundo é responsável por financiar a aquisição de imóveis e investir em setores como habitação, saneamento e infraestrutura, garantindo a rentabilidade para os trabalhadores. 

Teixeira explicou que o aumento recente no teto dos imóveis financiados pelo FGTS para R$ 350 mil ampliou significativamente o acesso à moradia, mas também trouxe novos desafios para a gestão do fundo. “O aumento no teto pressionou o fluxo de caixa do FGTS, e precisamos manter um equilíbrio cuidadoso entre a carteira de crédito e os investimentos em títulos públicos para garantir a sustentabilidade financeira do fundo”, alertou.

Além disso, Teixeira ressaltou a importância de o FGTS continuar colaborando com ministérios, como o Ministério das Cidades e o Ministério do Trabalho, para desenvolver políticas públicas que utilizem os recursos do fundo de maneira eficiente. “Nosso papel é garantir que o FGTS continue a apoiar políticas habitacionais que atendam às necessidades da população, sem comprometer sua sustentabilidade”, afirmou.

Desafios e estratégias para o futuro – Teixeira também destacou os desafios impostos pela queda nas taxas de juros ao longo do tempo, o que tem impactado o retorno financeiro do FGTS. “Com a diminuição das taxas de juros, o retorno do fundo tem diminuído, o que pode afetar a capacidade de financiar novos projetos habitacionais. Estamos monitorando de perto a saúde financeira do FGTS e implementando estratégias para garantir que ele continue a desempenhar seu papel vital na habitação”, explicou.

Entre as medidas adotadas para melhorar a sustentabilidade do FGTS, Teixeira mencionou o desenvolvimento de novos fundos, como o de saneamento, que visa diversificar as aplicações e aumentar a rentabilidade. “Estamos trabalhando para manter um equilíbrio entre a concessão de crédito e os investimentos em títulos públicos, oferecendo taxas de juros competitivas e monitorando continuamente a saúde financeira do fundo”, detalhou.

O tema tem interface com o projeto “Responsabilidade Social na Indústria da Construção”, objetivo 2.6 –“Segurança habitacional e moradia digna ao trabalhador”, da Comissão de Habitação de Interesse Social (CHIS) da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), em correalização com o Serviço Social da Indústria (Sesi).

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