O poder da visão empresarial: inovação, resiliência e estratégias que redesenham o setor da construção 

A construção civil vive um momento decisivo. A combinação entre pressão por sustentabilidade, avanços tecnológicos, escassez de mão de obra qualificada e a necessidade de modelos produtivos mais eficientes está acelerando transformações profundas no setor. Em um debate que reuniu lideranças empresariais de diferentes segmentos, o painel “O Poder da Visão Empresarial – Cases e estratégias de sucesso que transformam empresas no setor”, que aconteceu nesta terça-feira, durante o Conexão CBIC, avançou sobre como a visão estratégica — aliada à inovação e à resiliência — tem moldado novas formas de construir e de conduzir negócios no Brasil. 

Participaram da conversa Renato Correia, presidente da CBIC;  Roberto Justus, CEO da SteelCorp; presidente-executivo da SteelCorp, Daniel Gisper; Vinicius Benevides, sócio da Dimensional Engenharia; Gustavo Siqueira, Vice-Presidente de Public Affairs da Saint-Gobain; e o jornalista Daniel Rittner, da CNN Brasil, responsável pela mediação. 

Logo na abertura, Renato Correia chamou atenção para a convergência inédita de desafios estruturais enfrentados pelo setor, destacando que a falta de mão de obra qualificada não é um problema isolado da construção, mas um ponto crítico em toda a economia. Ele ressaltou também as novas exigências ambientais e a crescente responsabilidade das empresas na redução de impactos. Para ele, compreender como líderes empresariais têm enfrentado esse conjunto de pressões é fundamental para orientar os próximos passos do setor. 

A discussão ganhou força com a intervenção de Roberto Justus, que apresentou a experiência recente da SteelCorp e a decisão estratégica de apostar de maneira robusta na construção industrializada. Ele observou que, enquanto países desenvolvidos já operam nesse modelo há décadas, o Brasil ainda permanece em níveis muito baixos de industrialização. Justus destacou ganhos concretos obtidos pela empresa — como obras mais rápidas, economia superior a 90% no uso de água, redução drástica de patologias e diminuição significativa da mão de obra nos canteiros — e defendeu que o país precisa de players capazes de escalar o setor para um novo patamar de produtividade. Segundo ele, “industrializar é trazer eficiência, velocidade e tecnologia”, e essa transição, embora desafiadora, é indispensável para o futuro. 

Na sequência, Vinicius Benevides apresentou uma visão complementar, enfatizando que inovação não pode ser compreendida apenas como incorporação de tecnologia, mas como uma postura ética e responsável. Ele lembrou o processo de revisão estratégica vivenciado pela Dimensional Engenharia em 2015, que permitiu alinhar cultura, gestão e operação para sustentar uma trajetória de transformação mais consistente. Para Benevides, construir com propósito ambiental e social é parte indissociável da inovação verdadeira, reforçando que “a tecnologia é um meio, não um fim”. 

A questão da qualificação profissional também permeou a discussão. Gustavo Siqueira, da Saint-Gobain, alertou que, sem formação adequada, a inovação não chega ao canteiro de obras. Ele observou que o desafio envolve fatores culturais e sociais, já que muitas vezes é mais atraente buscar alternativas imediatas de renda do que ingressar em cursos técnicos gratuitos. Gustavo também reforçou que sustentabilidade depende de processos integrados. “Materiais como o vidro, por exemplo, só mantêm seu ciclo sustentável se forem corretamente destinados e reciclados. Assim, educação, qualificação e mudança cultural tornam-se elementos centrais da agenda de inovação”, disse. 

O presidente-executivo da SteelCorp, Daniel Gispert trouxe à tona os entraves regulatórios que dificultam o avanço da construção industrializada no Brasil. Ele comparou o momento atual à transição histórica para a linha de montagem no início do século XX, destacando que o setor ainda enfrenta ambiguidades tributárias e estatísticas que criam insegurança e distorções de custo. Para ele, falta ao Brasil uma agenda madura e unificada para dar clareza ao investidor e reduzir barreiras. “Nesse processo, entidades representativas têm papel essencial na definição de prioridades e na articulação de pautas estratégicas”, afirma. 

No momento final do debate, Roberto Justus voltou a falar sobre propósito e compromisso empresarial, defendendo que investir no Brasil exige coragem e visão de longo prazo. Ele lembrou que apostar em um modelo inovador em um setor ainda resistente a mudanças envolve riscos significativos, mas reforçou sua convicção de que o país só avança por meio do investimento produtivo e da geração de empregos. Alertou ainda para os efeitos da polarização política e defendeu a importância do equilíbrio fiscal como base para um ambiente econômico saudável. 

Encerrando o encontro, Renato Correia ampliou a reflexão ao situar o papel da sociedade civil organizada como protagonista da transformação institucional no país. Ele observou que o Brasil possui vantagens estratégicas importantes, como território abundante, agricultura competitiva, interesse de investidores internacionais e uma população trabalhadora.  

No entanto, segundo ele, o sistema institucional brasileiro tem entregado resultados aquém do potencial nacional há décadas. Renato defendeu que apenas a sociedade civil organizada tem capacidade de provocar uma mudança estrutural duradoura e destacou a necessidade de maior acompanhamento público sobre decisões e lideranças políticas. Para ele, o país deveria assumir como meta básica superar todos os países da América do Sul em educação, saúde, segurança, infraestrutura e eficiência estatal, antes de competir com grandes potências globais. 

Iniciativa da CBIC, o Conexão CBIC 2025 tem correalização do SESI e SENAI; patrocínio oficial da Caixa Econômica e Governo Federal; patrocínio institucional do Sienge e sistema Confea, Crea, Mútua; patrocínio ouro da Saint-Gobain; patrocínio prata da Atlas Schindler; e patrocínio bronze da Senior, Impacto Protensão e Konstroi.

 

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