Lançamento de imóveis em SC cresce 94% em cinco anos

Estado puxa crescimento do mercado imobiliário do Sul do

O lançamento anual de apartamentos no Sul do Brasil em 12 meses cresceu 57% e a venda de unidades novas subiu 46% entre 2021 e 2025. Os dados fazem parte de um estudo divulgado nesta quinta (17), em Florianópolis, pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), com dados de 68 dos principais municípios do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, entre 1º de abril de 2020 e 31 de março de 2025. Realizada em parceria com a Brain Inteligência e Estratégia, a pesquisa mostra que os resultados catarinenses alavancam o desempenho da região.

Os 25 municípios pesquisados em Santa Catarina tiveram uma alta de 94% nos lançamentos de apartamentos, passando de 24.762 unidades colocadas no mercado – entre abril de 2020 e março de 2021 – para 41.357 imóveis no mesmo intervalo entre 2024 e 2025. As vendas passaram de 28.292 para 48.847 no mesmo comparativo, trazendo uma elevação de 72%.

Na mesma comparação temporal, os 22 municípios pesquisados no Paraná passaram de 18.784 apartamentos lançados até o fim de março de 2021 para 29.958 em 2025 – elevação de 55,4% – e a vendas subiram 34,7%, indo de 22.378 a 30.156 unidades.

No Rio Grande do Sul, houve 3,87% mais lançamentos nos 21 municípios cujos dados foram analisados, indo de 18.111 para 18.812 imóveis colocados no mercado (no período de 12 meses encerrado no 1º trimestre de 2021) a 23.222 lançados no ciclo fechado no 1º trimestre de 2025. Já a venda de unidades cresceu 22%, indo de 19.038 para 23.222 apartamentos negociados.

Valor de lançamentos e vendas cresce mais de 100% no Sul

A soma do valor de todos os empreendimentos lançados no Sul – Valor Geral Lançado (VGL) – entre os 12 meses finalizados em março de 2021 e de 2025 aumentou 141,4%, de R$ 35 bilhões para R$ 85,7 bilhões, assim como o Valor Geral de Vendas (VGV) – total obtido com a venda de todas as unidades de empreendimentos no período – subiram 129,3%, de R$ 36,9 bilhões para R$ 84,7 bilhões. Também aumentaram as participações de SC pesquisados entre os três estados, de 58,5% para 64,8% do VGL da região, e de 55,5% para 63,8% no VGV do mercado imobiliário sulista.

No comparativo apenas do 1º trimestre de 2025 com o 1º trimestre de 2024, os estados da Região lançaram 8% a menos unidades, mas venderam 10% a mais que no mesmo período do ano passado.

No recorte das capitais da Região Sul, Florianópolis foi o grande destaque no 1º trimestre de 2025. A capital catarinense registrou alta de 36,3% no número de unidades lançadas em relação ao mesmo período de 2024, saltando de 1.201 para 1.637 apartamentos. O avanço foi ainda mais expressivo nas vendas: alta de 97%, com 1.942 unidades comercializadas ante 986 no ano anterior. Em sentido oposto, Curitiba apresentou queda de 41,2% nos lançamentos e recuo de 12,6% nas vendas. Porto Alegre teve desempenho mais moderado, com crescimento de 18,6% nos lançamentos e 43,5% nas vendas. No total, as três capitais responderam por 21,2% dos lançamentos e 24% das vendas de imóveis na região no 1º trimestre de 2025.

A apresentação de dados inéditos e estratégicos sobre a indústria da construção nos três estados da Região Sul integra o projeto CBIC Indicadores Regionais e, nesta edição, é realizada em parceria com a Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC), com patrocínio do Banco de Brasília (BRB). A programação incluiu análises de cenário econômico, tendências de financiamento, dados sobre lançamentos imobiliários e geração de empregos no setor. O evento gratuito e presencial foi realizado na sede da FIESC.

 

Os dados de mercado foram apresentados por Guilherme Werner, sócio da consultoria Brain Inteligência Estratégica e a análise do cenário econômico ficou a cargo da economista-chefe da CBIC, Ieda Vasconcelos.

O encontro visa promover o intercâmbio de informações entre lideranças locais e fomentar a atuação integrada das entidades empresariais.

O presidente da CBIC, Renato Correia, e Marcos Bellicanta, presidente da Câmara de Desenvolvimento da Indústria da Construção (CDIC) da FIESC participaram da mesa e do debate sobre os dados econômicos, assim como o vice-presidente da CBIC para a Região Sul, Marcos Mauro Pena.

O projeto CBIC Indicadores Regionais já passou em 2025 pelas regiões Sudeste, Norte, Nordeste e Centro-Oeste, para mobilizar lideranças e tomadores de decisão em todo o país. A rodada da Região Sul consolida o compromisso da CBIC com a disseminação de inteligência estratégica e o fortalecimento do setor em âmbito nacional.

Setor mantém impacto econômico na região

Mesmo com sinais de desaceleração no início de 2025, a Região Sul segue como uma das principais forças da construção civil no Brasil. Dados recentes da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) – com base em informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) e do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), fontes oficiais do governo federal sobre economia, mercado de trabalho e demografia – revelam uma forte presença estrutural no setor, geração de empregos relevante e um déficit habitacional ainda preocupante.

No primeiro trimestre de 2025, o Produto Interno Bruto (PIB) da construção civil nacional apresentou queda de 0,8% em relação ao trimestre anterior, refletindo a elevação dos juros e o clima de incertezas econômicas. Apesar da retração, a Região Sul manteve indicadores robustos: concentra 24,5% dos estabelecimentos da construção civil no país (70.248 de um total de 286.277), com destaque para o Paraná (35,82% da região), seguido de perto por Santa Catarina, com 22.308 estabelecimentos — o equivalente a 31,76% da construção civil do Sul.

Em relação ao mercado de trabalho, o setor criou 25.109 novas vagas com carteira assinada na Região Sul entre janeiro e maio de 2025 — uma leve queda de 1,77% frente ao mesmo período de 2024. Apesar disso, o saldo ainda supera os resultados obtidos em 2022 e 2023, demonstrando que o mercado continua aquecido. O segmento de serviços especializados para construção se destacou positivamente, com alta de 16,14% nas contratações. Por outro lado, obras de infraestrutura registraram queda de 40,99% na geração de empregos.

No recorte estadual, Santa Catarina gerou mais de 9,5 mil vagas formais no segmento de serviços especializados para a construção, como obras de acabamento, instalações elétricas e preparação de canteiros — o que mostra a pujança de suas cadeias produtivas. A capital, Florianópolis, soma 1.170 estabelecimentos da construção civil, enquanto o estado também enfrenta desafios: o déficit habitacional catarinense é de 190 mil moradias, sendo 29 mil só na região metropolitana da capital.

O Paraná lidera em volume de estabelecimentos (25.162) e foi responsável por 9.886 novas vagas em 2025, mas apresentou retração de 13,74% em relação ao ano anterior. Já o Rio Grande do Sul criou 9.763 postos no setor de serviços especializados, contribuindo de forma relevante para o saldo geral da região.

Embora contabilize um déficit habitacional de 737,6 mil moradias — o equivalente a 11,87% do total nacional —, proporcionalmente, na Região Sul 3,23% da população vive em favelas, segundo o Censo 2022, o que representa a segunda menor taxa entre todas as regiões do país. Ao todo, são cerca de 967 mil pessoas nessa condição, número significativamente inferior, em termos relativos, ao de outras partes do Brasil.

Apesar dos desafios, a força da Região Sul na construção é evidente. Em 2022, a região respondeu por 18,9% do PIB da construção civil nacional, sendo o Paraná o principal contribuinte (7,0%), seguido por Rio Grande do Sul (6,4%) e Santa Catarina, com 5,5% de participação.

O cenário aponta para uma necessidade urgente de políticas públicas que ampliem o acesso à moradia e incentivem investimentos, especialmente em infraestrutura. Com planejamento adequado e estabilidade institucional, a construção civil pode ser um dos principais vetores da retomada do crescimento na Região Sul.

 

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