A 11ª reunião do Grupo de Trabalho de Segurança Hídrica e Cidades Resilientes da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), realizada nesta quinta-feira (4), consolidou os avanços do ano e reforçou a centralidade da agenda hídrica na adaptação climática. Encerrando o ciclo de 2025, o grupo alinhou prioridades e definiu diretrizes técnicas para o plano de trabalho de 2026.
A abertura foi conduzida pelo vice-presidente da área de Obras Industriais e Corporativas da CBIC, Ilso Oliveira, que agradeceu o empenho dos membros ao longo do ano e destacou a relevância crescente do debate. “Esse tema ganhou densidade em 2025. A água entrou definitivamente no centro das nossas discussões, e isso exige de nós uma construção mais estruturada para o próximo ciclo”, afirmou.
A consultora técnica da CBIC, Virgínia Sodré, apresentou um balanço da COP 30 e as reflexões que emergiram das discussões internacionais. Segundo ela, a conferência evidenciou uma mudança clara de enfoque. “O mundo entendeu que a crise climática é, essencialmente, uma crise hídrica. Tudo o que vimos na COP reforça que adaptação passa pela capacidade das cidades de lidar com excesso ou falta de água”, destacou.
Virgínia observou que o tema da água ganhou ineditamente espaço nos pavilhões internacionais. “Foi a primeira vez que vi um pavilhão dedicado exclusivamente à água. A pauta apareceu em diferentes debates, desde soluções baseadas na natureza até resiliência urbana e financiamento”, disse. Ela também apresentou dados preocupantes sobre o cenário brasileiro, como o alto déficit de drenagem urbana. “Temos cidades com 70% das vias sem redes de águas pluviais. Esse é um problema estrutural que agrava todos os efeitos dos eventos extremos.”
Outro ponto levantado por Virgínia foi a crescente pressão hídrica gerada por novos usuários intensivos. “A expansão de data centers, a produção de hidrogênio verde e outras atividades estão se instalando justamente em regiões que já têm estresse hídrico. Isso precisa entrar na conta do planejamento”, alertou.
O vice-presidente da área de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CBIC, Nilson Sarti, reforçou a percepção de que o debate internacional mudou de eixo. “A gente viu claramente que a COP deste ano deu muito mais espaço para adaptação. Antes era mitigação, mitigação, mitigação. Agora existe uma preocupação real com cidades resilientes e infraestrutura capaz de suportar as mudanças em curso”, afirmou. Para ele, isso abre espaço para ampliar investimentos. “Esse movimento cria oportunidade para o setor da construção se estruturar e demandar políticas públicas mais robustas”, completou.
Sarti também destacou a articulação internacional coordenada pelo setor produtivo. “O SBCOP reuniu entidades empresariais de vários países para pegar tudo o que está sendo discutido na COP e transformar em caminhos práticos, em ações que possam virar políticas públicas”, explicou.
Durante a apresentação, Virgínia detalhou o avanço do movimento internacional Water Positive, que estimula empresas a neutralizarem ou superarem seu impacto hídrico. “O que estamos vendo é uma governança mais transversal da água. As empresas entenderam que o ciclo natural já não consegue se regenerar sozinho”, disse.
A reunião também destacou o desenvolvimento da ferramenta Cí Hídrica, que mede o impacto hídrico de materiais e processos. Para Virgínia, trata-se de um marco. “A pegada hídrica permite enxergar onde estamos pressionando mais as bacias e como isso se traduz em impacto real. Isso é fundamental para qualificar decisões de projeto”, afirmou.
Ao encaminhar o plano de trabalho para 2026, o GT definiu como prioridade a elaboração de um texto-base nacional para drenagem urbana, com diretrizes técnicas e parâmetros para políticas públicas e PPPs. “Não podemos continuar com soluções fragmentadas. Precisamos de referências claras para que setor público e setor privado trabalhem alinhados”, reforçou Virgínia.
Encerrando o encontro, Oliveira destacou a consistência das discussões e a necessidade de transformá-las em entregas concretas. “O GT amadureceu em 2025. Agora é o momento de avançar para resultados que impactem a sociedade”, afirmou. Sarti completou: “A construção tem papel central na adaptação climática. O desafio é grande, mas as oportunidades também são”.
O tema tem interface com o projeto “Descarbonização e Integração aos Compromissos da COP 30”, da Comissão de Meio Ambiente e Sustentabilidade (CMA) da CBIC e com o projeto “Sustentabilidade das Empresas de Obras Industriais e Corporativas”, da COIC/CBIC, com a correalização do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Nacional).
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