Em entrevista ao portal JL Política e Negócio, o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Renato Correia, chamou atenção para entraves que afetam diretamente o setor da construção civil no Brasil. Ele citou o modelo atual de contratação por menor preço em obras públicas e a recorrente falta de pagamento por parte do poder público.
Segundo Correia, mais de 50% das obras públicas estão paralisadas por diversos problemas, incluindo aqueles relacionados a licitações, em que a busca pelo menor preço leva a descontos exagerados, que podem chegar a 40%. “O melhor preço é o que conta, porque você vai aliar valor à qualidade, à técnica construtiva e à durabilidade do bem”, afirmou.
O presidente da CBIC também apontou a necessidade de maior responsabilidade dos gestores públicos em relação à pontualidade nos repasses. “O Brasil, muitas vezes, é tolerante com a falta de pagamento do poder público, e isso não é bom para quem empreende do lado de cá. O líder maior, seja prefeito ou governador, tem que dar o exemplo de pagar em dia”, destacou.
Habitação e infraestrutura
Outro ponto de preocupação levantado é o déficit habitacional, estimado entre 6 e 7 milhões de moradias. Para reverter o cenário, seria necessário um aporte adicional de R$ 100 bilhões por ano durante uma década. Em infraestrutura, a demanda é ainda mais expressiva: R$ 500 bilhões em 10 anos para colocar o país em condições adequadas de saneamento, energia, transportes e comunicação.
Correia também mencionou avanços recentes no setor, como a ampliação de recursos do FGTS e a criação da Faixa 4 do programa Minha Casa, Minha Vida, que conta com recursos do pré-sal. Ainda assim, alertou que desafios permanecem, sobretudo em regiões como o Norte, mais afetadas pela dificuldade de aplicação proporcional de recursos.
Expectativa para o setor
Apesar dos desafios, Correia vê um cenário promissor para a construção civil no país. Ele ressaltou a importância de consolidar um ambiente de negócios mais justo, com segurança jurídica e marcos regulatórios adequados. “O nosso objetivo é dobrar a participação da construção civil no PIB brasileiro, hoje em torno de 3,5%”, concluiu.
Acesse aqui a entrevista na íntegra.
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