Cuidar da saúde mental requer autoconhecimento

Refletir sobre como você está emocionalmente, avaliar se você está bem consigo e com os demais ao lidar com os desafios da vida contemporânea, e procurar ajuda profissional se necessário – estas são as recomendações da psicóloga Karina Costa, do Seconci-SP, por ocasião do Dia Mundial da Saúde Mental (10 de outubro).

De acordo com Karina, “o desequilíbrio emocional leva facilmente ao surgimento das doenças mentais. É influenciado, entre outros, por fatores como estresse, desentendimentos, brigas, autocobrança excessiva, incapacidade de atender a expectativas e falta de acolhimento familiar. Daí porque devemos sempre nos indagar: “O que estou fazendo para manter a saúde mental?”.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, o Brasil está em primeiro lugar no ranking mundial de pessoas com ansiedade, e em segundo lugar no ranking de pessoas que têm depressão, atrás apenas dos Estados Unidos.

A psicóloga explica que cuidar da saúde mental ganhou relevância durante a pandemia, quando o convívio pessoal e profissional diminuiu. “Hoje, as pessoas estão mais conscientes sobre o assunto e relacionam saúde mental com fatores emocionais. Mas a saúde mental também é influenciada por aspectos sociais, ambientais e econômicos.”

Sintomas e cuidados

“Desânimo em atividades prazerosas, dificuldade de concentração, dificuldade de relacionamento com outras pessoas, são sinais de que a pessoa necessita de ajuda psicológica. Ainda há pessoas que se resistem, alegando que só loucos vão ao psicólogo, que irá medicá-los, o que não é verdade. O psicólogo fará terapia com o paciente e, se for necessário, atuará conjuntamente com um médico psiquiatra que prescreverá uma medicação, a qual será retirada progressivamente mais adiante, à medida que o paciente se recupere.”

Karina recomenda que, além da reflexão sobre si e do autoconhecimento, para cuidar da saúde mental deve-se ter noites de sono saudável, deixando as telas de lado e não consumir café antes de adormecer; comer bem, com alimentação equilibrada; ter um hobby, fazer atividades prazerosas; fazer exercícios físicos com atividades de que se goste, o que libera o hormônio da endorfina, ligado ao estado de bem-estar; limitar o tempo de acesso ao celular e fazer mais atividades ao ar livre, em parques.

“Além disso, é recomendável buscar um profissional e fazer terapia, a medida mais consolidada para a prevenção e a melhora dos transtornos mentais”, destaca. O Seconci-SP proporciona atendimento psicológico e recentemente realizou uma campanha de saúde mental em todo o Estado de São Paulo.

Lidando com os desafios

Trabalhadores como os da construção civil, submetidos à pressão no trabalho, devem se cuidar para evitar a síndrome do burnout – um distúrbio psíquico de caráter depressivo, precedido de esgotamento físico e mental intenso. A psicóloga recomenda a esses trabalhadores tentar organizar a rotina de trabalho e das tarefas; nas pausas mais prolongadas, como no horário do almoço, dar uma caminhada fora da obra ou descansar na área de vivência.

Em relação aos jogos das casas de apostas (“bets”), ela alerta que sua prática recorrente afeta a vida pessoal, profissional e financeira. Os transtornos associados aos jogos de apostas podem gerar reações semelhantes às da dependência química: ambas as dependências ativam o sistema de recompensa do cérebro, que libera o hormônio dopamina, proporcionando uma sensação de recompensa e fazendo a pessoa querer ganhar mais. Daí para o vício é um passo, diz a psicóloga.

“É importante para essas pessoas tentar identificar o que está motivando as apostas, se há algum aspecto econômico ou emocional por trás, e procurar ajuda para identificá-lo e se tratar. Para isso, existem opções como tratamento psicoterápico, psiquiátrico e também grupos de apoios que podem se tornar ferramentas importantes para o enfrentamento do vício.”

Karina ainda alerta que muitas horas acessando Instagram, TikTok e redes sociais no celular também acaba atrapalhando a saúde mental e as relações com as pessoas. “Elas se tornam impacientes, deixam de escutar e olhar para os outros, as relações se tornam superficiais. Faz mal mentalmente, quer-se acelerar vídeos e áudios, acaba o prazer da leitura.” Aqui a recomendação é limitar os horários de acesso às redes para si e para os filhos.

Quanto a chegar em casa após um dia de trabalho estressante, a psicóloga aconselha valorizar o convívio familiar ou buscar um amigo para conversar, se a pessoa mora sozinha, além de descansar e fazer algo de que se goste.

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