CBIC recebe Caixa e Ministério das Cidades para balanço anual e alinhamento das ações para 2026

Representantes da Caixa Econômica Federal e do Ministério das Cidades participaram, nesta quarta-feira (3), da Rodada de Negócios da Habitação da Comissão de Habitação de Interesse Social (CHIS) na sede da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) para apresentar um balanço do ano e discutir expectativas para o setor habitacional em 2026.

O presidente da CBIC, Renato Correia, afirmou que a articulação entre governo, setor privado e instituições financeiras é decisiva para a execução do Minha Casa Minha Vida. “A gente só faz junto, tem que ter essa consciência de que trabalhamos juntos. O governo, a iniciativa privada, a Caixa, e o Legislativo que tem que entrar nas horas certas. A gente precisa estar junto e focado para atender quem não tem uma casa.”

Clausens Duarte, vice-presidente de Habitação de Interesse Social, afirmou que a atuação combinada de diferentes entidades permitiu a redução do déficit habitacional para menos de 6 milhões de moradias, o menor nível em uma década. Ele ponderou, porém, que os custos da construção seguem pressionados pela taxa básica de juros.

Duarte disse ainda que as projeções para 2026 são positivas, com expansão da produção subsidiada e do uso de recursos do FGTS. “As nossas perspectivas e projeções para o ano que vem são muito alvissareiras. Apesar desse ano fantástico que tivemos, com número recordes, nós temos uma perspectiva para 2026 ainda melhor.”

Minha Casa Minha Vida

De acordo com a diretora do Departamento de Provisão Habitacional do Ministério das Cidades, Ana Paula Peixoto, a Faixa 1 do programa concentrou, até novembro, 37% das contratações do ano, com 216.523 unidades. As faixas 2 e 3 corresponderam a 29% (170.034 unidades) e 28% (166.044), respectivamente.

Segundo ela, os ajustes nas regras do FGTS e o uso de outras fontes de financiamento ampliaram o acesso de famílias de baixa renda ao crédito imobiliário. “A gente conseguiu tornar o financiamento acessível para pessoas de baixa renda, com todos os mecanismos que a gente criou especialmente no FGTS, mas olhando também para as outras fontes de fundos.”

Daniel Sigelmann, especialista em políticas públicas do Ministério das Cidades, disse que 2025 foi um ano muito bom para a habitação de interesse social e que o setor vive um ciclo de fortalecimento desde a retomada do programa, em 2023. “A gente tem um ecossistema da habitação muito forte e isso explica os resultados que estamos atingindo.”

O diretor executivo de Habitação da Caixa, Roberto Carlos Ceratto, informou que a carteira de crédito habitacional cresceu 11,95% via FGTS e 5,88% via SBPE até outubro, alcançando R$ 547,3 bilhões e R$ 359,8 bilhões, respectivamente.

As operações da Faixa 1 do MCMV somaram R$ 36,91 bilhões entre janeiro e novembro, alta de 11% na comparação anual. Na Faixa 2, o avanço foi de 22,42%, chegando a R$ 30,52 bilhões. Ceratto atribuiu parte dos resultados à digitalização de processos internos: “A gente conseguiu integrar 22 sistemas de habitação, fazendo toda uma jornada digital que vai nos permitir avançar em todo o processo de concessão de crédito.”

A pesquisadora Ana Maria Castelo, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV/IBRE), apresentou estudo sobre a ampliação da locação social por meio de empreendimentos multifamiliares destinados exclusivamente ao aluguel. Segundo ela, a expansão desse modelo responde a mudanças no perfil de moradia e à necessidade de alternativas à compra do imóvel.

“A expansão do mercado de locação no Brasil, especialmente entre famílias de baixa renda, revela tanto uma mudança estrutural no modo de morar, quanto a urgência de novas soluções habitacionais. Ou seja, a política habitacional precisa considerar outras modalidades de acesso como o aluguel”, explicou a pesquisadora.

Perspectivas para 2026

Ieda Vasconcelos economista chefe da CBIC afirmou que o panorama para o próximo ano é de juros ainda elevados, mas uma redução deve ser aprovada pelo Banco Central ainda no primeiro trimestre. A taxa de desemprego em 2025 atingiu o menor patamar da série histórica da PNAD Contínua e para 2026 existe a expectativa que ela continua em patamar baixo, mas acima do observado em 2025.

“Considerando que ano no próximo ano teremos eleições, Copa do Mundo e vamos ter o primeiro ano da isenção de imposto de renda para pessoas que ganham até R$ 5 mil, as projeções de crescimento para a economia brasileira em 2026 variam entre 1,5%, de acordo com estimativa do Banco Central, e 2,4%, projeção da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda”, detalhou Ieda.

Gisele Pereira, analista de mercado da BRAIN Estratégia, apresentou dados que mostram que o setor da construção deve continuar aquecido, isso porque levantamento mostrou que 50% das famílias com renda de até R$4.700 desejam comprar um imóvel, dados de novembro. “O indicador aponta alta de cinco pontos percentuais em relação ao mesmo período de 2024 (45%) e se consolida como a máxima da nossa série histórica.”

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