Os desafios do mercado imobiliário brasileiro, embora variem em intensidade conforme a região, apresentam pontos comuns que exigem a construção coletiva de soluções. Esse foi o tom do painel “Cenário imobiliário nacional: regiões diferentes, desafios iguais?”, realizado nesta quarta-feira (20) durante a Convenção Secovi-SP, em São Paulo.
O painel teve como âncora Renato Correia, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), e contou ainda com as participações de Diego Villar (CEO da Moura Dubeux), Fernando Fabian (diretor-geral da Plaenge) e Tony Couceiro (co-CEO da Quadra Engenharia). Juntos, os líderes do setor discutiram obstáculos estruturais, como escassez de mão de obra, custo do crédito, insegurança jurídica e necessidade de modernização tecnológica.
Panorama regional e desafios estruturais
Em sua exposição inicial, Renato Correia apresentou um panorama das regiões brasileiras, destacando diferenças de população, renda e desempenho no programa Minha Casa, Minha Vida. Para ele, apesar da diversidade, os gargalos do setor se repetem em todo o país.
“O nosso mercado sempre foi desafiador, mas agora temos novas variáveis e uma incerteza que antes não existia. Apesar disso, há uma certeza: nós vamos passar. Vamos entregar as habitações e a infraestrutura de que o país precisa, porque o emprego e o consumo saem muito da construção civil”, afirmou.
O presidente da CBIC também defendeu que o setor avance na redução de prazos de aprovação e execução de projetos como forma de mitigar riscos e ampliar a eficiência.
“Se trabalharmos juntos para diminuir os prazos, ficaremos sujeitos a menos riscos e poderemos entregar um produto melhor à sociedade”, ressaltou.
Visões regionais
Na sequência, Diego Villar apresentou o panorama do Nordeste, ressaltando que a região vem operando com oferta abaixo da demanda há mais de uma década, o que pressiona preços e resulta em um dos maiores índices de velocidade de vendas do país. “Temos um mercado claramente subofertado e, ao mesmo tempo, dificuldade para contratar mão de obra formal, já que muitos trabalhadores optam por se manter na informalidade ou no recebimento de benefícios sociais”, explicou.
Fernando Fabian, ao falar sobre o Sul, relatou os efeitos distintos da conjuntura nos três estados. Enquanto o Rio Grande do Sul enfrenta queda nos lançamentos e dificuldades após as enchentes, Santa Catarina vive expansão acelerada, impulsionada pela atração de novos moradores e projetos urbanísticos. O Paraná, segundo ele, mantém crescimento moderado, mas enfrenta a pressão dos custos e margens mais apertadas.
Já Tony Couceiro, do Pará, listou os entraves mais críticos do Norte, como a ausência de indústrias voltadas à construção, o peso do frete no custo final e a defasagem de índices como o INCC, que não consideram realidades regionais. Ele destacou ainda a dificuldade de aprovar projetos e a falta de renovação da mão de obra. “Nossas equipes estão envelhecendo, e muitos trabalhadores preferem atuar na informalidade, o que compromete a renovação do setor”, alertou.
Caminhos coletivos
Apesar das especificidades, o debate convergiu para a necessidade de atuação conjunta das empresas e entidades setoriais. Para Renato Correia, a cooperação institucional é o caminho para enfrentar os gargalos históricos e garantir que a construção civil siga cumprindo seu papel no desenvolvimento do país.
“Se fosse apenas pela margem de lucro, muitos desistiriam. O que nos move é a responsabilidade de entregar habitação e infraestrutura, melhorar a vida das pessoas e gerar emprego e consumo para o país. Esse é o propósito que nos faz acordar cedo todos os dias”, concluiu o presidente da CBIC.
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