CBIC discute segurança hídrica e cidades resilientes em reunião conjunta com CMA e COIC

A construção de cidades resilientes e a segurança hídrica no Brasil foram os principais tópicos abordados em reunião conjunta da Comissão de Meio Ambiente e Sustentabilidade (CMA) e da Comissão de Obras Industriais e Corporativas (COIC) da CBIC. Realizado na manhã de terça-feira (25/11), o encontro discutiu desafios e avanços em áreas como drenagem urbana, impactos das mudanças climáticas e o papel das novas tecnologias, além de refletir sobre as experiências vivenciadas na COP29 e os preparativos para a COP30.

Ilso Oliveira, vice-presidente de Obras Industrias e Corporativas e presidente da COIC/CBIC, enfatizou o progresso obtido pelo grupo em 2024 e projetou um ano ainda mais produtivo para 2025. “Tivemos grandes resultados este ano e esperamos ampliar ainda mais nosso trabalho no próximo”, disse. Ele reforçou a importância de integrar os esforços da CBIC em segurança hídrica às demais iniciativas do setor.

Nilson Sarti, vice-presidente de Meio Ambiente e Sustentabilidade e presidente da CMA/CBIC, compartilhou sua experiência recente na COP29, enfatizando a relevância do evento para posicionar a CBIC como um ator estratégico nas discussões sobre sustentabilidade global. A entidade enviou a Baku, no Azerbaijão, delegação liderada por seu presidente, Renato Correia. “Foi uma experiência muito interessante para entender a dinâmica de uma COP, o tamanho do evento e do desafio que teremos ao sediar a COP30 em Belém. Lá, realizamos reuniões estratégicas com representantes do governo, como o ministro Geraldo Alckmin e a ministra Marina Silva”, destacou Sarti. 

Segundo ele, a participação da CBIC, ao lado da Confederação Nacional da Indústria (CNI, fortaleceu o papel do setor de construção nas pautas ambientais globais. “Posicionamos a CBIC e a construção como participantes essenciais no diálogo sobre mudanças climáticas e resiliência urbana”, completou o vice-presidente.

 Diagnósticos e desafios na drenagem urbana

A consultora técnica da CBIC, Virginia Sodré, apresentou dados sobre o déficit de drenagem urbana no Brasil. Segundo levantamento da ICL Consultoria, baseado em dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), os investimentos anuais em drenagem urbana somam apenas R$ 4,4 bilhões, enquanto seriam necessários R$ 7,1 bilhões para universalizar os serviços em 20 anos. “A drenagem urbana é o primo pobre do setor de saneamento. Apenas 24 prefeituras das 5.500 do país possuem tarifas específicas para financiar esses serviços”, explicou Sodré.

A falta de infraestrutura adequada resulta em prejuízos humanos e econômicos significativos. “Em 2020, tivemos 118 mortes e 218 mil desabrigados devido a eventos climáticos extremos, além de prejuízos bilionários que afetam cidades e empresas”, relatou. A consultora também destacou a necessidade de investimentos em tecnologias avançadas, como modelagens hidrodinâmicas e hidrológicas, que poderiam ajudar prefeituras e empresas a mapear áreas de risco e mitigar impactos.

Sodré citou experiências nacionais e internacionais que podem servir como inspiração para o Brasil. “Barcelona, após enfrentar inundações recorrentes até as Olimpíadas de 1992, desenvolveu um sistema de gestão integrada de drenagem urbana, conectando infraestruturas às previsões climáticas para reduzir investimentos e melhorar o gerenciamento de águas pluviais. Essa abordagem pode ser replicada aqui”, sugeriu.

Ela também destacou projetos realizados no Brasil, como o de Cajamar (SP), onde foi usada modelagem hidrodinâmica para evitar riscos de erosão em empreendimentos logísticos. “Esses métodos precisam se tornar padrão, não exceção, especialmente em um cenário de mudanças climáticas crescentes.”

O Grupo de Trabalho de Segurança Hídrica e Cidades Resilientes da CBIC está consolidando um relatório final com propostas para 2025. “O objetivo é criar uma pauta sobre drenagem resiliente, considerando sugestões de planos de trabalho e estudos realizados ao longo do ano”, afirmou Sodré. Entre os temas discutidos estão o uso de tecnologias de ponta, como inteligência artificial, para aprimorar a gestão de drenagem e a necessidade de sensibilizar gestores públicos e privados sobre a importância de investimentos nessa área.

O tema tem interface com o projeto “Sustentabilidade das Empresas do Segmento de Obras Industriais e Corporativas”, da Comissão de Obras Industriais (COIC) e com o projeto “Descarbonização do setor da Indústria da Construção e os Negócios e Soluções Inovadoras em Sustentabilidade”, da Comissão de Meio Ambiente e Sustentabilidade (CMA) da CBIC, em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). 

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