Em audiência realizada nesta terça-feira (29), no gabinete do ministro das Cidades, Jader Filho, representantes da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) apresentaram propostas e projetos estratégicos para o setor da construção civil, com destaque para o futuro do crédito habitacional, a industrialização da construção e a retomada do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H).
Um dos principais pontos da reunião foi o debate sobre o modelo de financiamento habitacional baseado na caderneta de poupança. Com a sinalização de possíveis mudanças por parte do Banco Central, a CBIC reforçou a necessidade de que qualquer reformulação seja feita de forma responsável, com diálogo e participação ativa do setor.
Ely Wertheim, vice-presidente de Indústria Imobiliária e presidente da Comissão de Indústria Imobiliária (CII/CBIC), destacou que “o financiamento imobiliário depende de estabilidade regulatória, estímulos ao crédito e inovação nos mecanismos de funding”. Segundo ele, é essencial diversificar as fontes de financiamento e garantir crédito de longo prazo para ampliar a produção e aquisição de moradias em todas as faixas de renda. A CBIC defende uma articulação contínua entre o Ministério das Cidades, Banco Central, Caixa Econômica Federal e setor privado para assegurar uma transição segura e que amplie a inclusão habitacional.
O ministro Jader Filho demonstrou alinhamento com a pauta, ao afirmar que “a taxa de juros não pode ser livre. Pelo menos 80% do funding precisa ir para a habitação. O recurso é para financiar o que é essencial para o país”. O ministro relatou que o tema foi levado à Presidência da República e ao Banco Central, reforçando a prioridade da habitação na agenda governamental.
Outro ponto de destaque foi a apresentação do projeto de Métodos Modernos de Construção (MMC), que busca fomentar a industrialização da construção no Brasil. Alexandre Landim, presidente do Sinduscon-BA, explicou que a proposta, desenvolvida em parceria com o SENAI-Cimatec, pretende mapear e testar soluções construtivas industrializadas, como fachadas pré-fabricadas. “A ideia é industrializar fora do canteiro e montar na obra, reduzindo em até 30% o custo e o tempo de execução. Nosso objetivo é garantir que as habitações durem, no mínimo, 100 anos”, afirmou.
Durante o encontro, também foi abordada a importância da retomada do PBQP-H, considerado uma das parcerias público-privadas mais bem-sucedidas do setor. Marcos Galindo, membro da Comissão de Materiais, Comissão de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade (Comat) da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), sugeriu um pequeno reforço na equipe que opera o programa dentro do Ministério para ampliar a eficiência e a qualidade do processo construtivo. “Temos tudo isso mapeado e já realizamos reuniões pontuais. Queremos tratar disso de forma mais aprofundada com o ministro”, explicou. Daniel Sigelmann, diretor do Departamento de Planejamento e Política Nacional de Habitação, reforçou que o Ministério possui recursos disponíveis e que o setor está preparado para retomar a operação do programa.
Como encaminhamento, o ministro Jader solicitou a realização de um seminário técnico com a CBIC, com a participação de outros atores estratégicos como BNDES e CAIXA, para apresentar os projetos e propostas em andamento.
Além das pautas técnicas, a audiência também foi marcada por gestos institucionais importantes. A CBIC agradeceu oficialmente o ministro pela assinatura do Acordo de Cooperação Técnica do projeto “Se essa rua fosse minha” e entregou o convite para o Conexão CBIC, novo formato do tradicional Encontro Nacional da Indústria da Construção (ENIC Política e Estratégia), que ocorrerá em novembro. A entidade também convidou o ministro para o evento preparatório à COP30, que será realizado em 28 de agosto, em Brasília.
Estiveram presentes na reunião o secretário-executivo do Ministério das Cidades, Hailton Madureira; Augusto Rabelo, Secretário Nacional de Habitação do Ministério das Cidades; Daniel Sigelmann, diretor do Departamento de Planejamento e Política Nacional de Habitação; Pedro Krahenbuhl, diretor de relações institucionais do Secovi-SP; Luís Henrique Cidade, relações institucionais da CBIC; e Luís Fernando Mendes, assessor técnico e econômico da entidade.
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