CBIC avalia desempenho do setor imobiliário em 2024 e perspectivas de crescimento para 2025 

A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) avalia que o setor imobiliário fechou 2024 com resultados positivos, impulsionados pelo aquecimento do mercado de trabalho e o esforço do setor em fomentar o mercado habitacional. Durante a coletiva de imprensa online dos Indicadores Imobiliários Nacionais do 4º Trimestre de 2024, realizada nesta segunda-feira (17), conduzida pela CBIC em parceria com a Brain Inteligência Estratégica, especialistas apontaram fatores que contribuíram para o desempenho do setor e discutiram perspectivas para 2025. 

O presidente da CBIC, Renato Correia, destacou a estabilidade nas taxas do programa Minha Casa Minha Vida e a forte presença desse segmento no mercado de lançamentos. “As taxas permanecem as mesmas e metade do mercado de lançamento, 44% de venda, não deve sofrer alteração. Com o aumento da taxa de juros que já ocorreu, pode haver uma leve desaceleração na velocidade do repasse, mas o impacto sobre distratos não deve ser significativo. Também não estou esperando nenhuma surpresa”, afirmou Correia. 

Outro ponto abordado foi o impacto do cenário econômico sobre o comportamento dos compradores. Marcos Kahtalian, sócio da Brain Inteligência Estratégica, ressaltou que a taxa de desemprego foi a menor desde 2012, encerrando o ano em 6,2% no último trimestre e com uma média anual de 6,6%. “O mercado de trabalho aquecido e o ganho real salarial estimularam as compras. A mediana do trabalhador brasileiro é 40 anos, a fase clássica de formação familiar, o que impulsiona a busca por imóveis. Além disso, o juro acessível no SBPE e a oferta qualificada no mercado fortaleceram os resultados do setor”, explicou. 

Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP e consultor da CBIC, abordou a questão dos distratos e ressaltou que não há sinais de aumento nesse indicador. “Durante todo o ano de 2024, tivemos uma queda no indicador de distratos. Os bancos não registraram casos de planos empresários que deixaram de ser quitados devido à falta de repasse das vendas. O percentual médio de financiamento no SBPE está em 65%, o que significa que há espaço para aumentar esse índice. É verdade que quem comprou imóvel com juros de 10% e agora enfrenta uma taxa de 12% pode ter que fazer um esforço maior, mas isso não deve resultar em uma onda de distratos”, avaliou.  

Além disso, Petrucci destacou que o orçamento do Fundo de Garantia para 2026 está no limite, com R$ 130 bilhões já comprometidos. Diferente do ano passado, quando o orçamento original era de R$ 86 bilhões e foi ampliado, não há expectativa de novos aumentos. A limitação no orçamento pode influenciar o volume de financiamentos imobiliários, especialmente para imóveis usados, mas acredita-se que o setor encontrará alternativas para manter o crescimento. 

No que diz respeito ao financiamento imobiliário, Petrucci observou que os bancos estão priorizando a concessão de crédito para os próprios clientes e para os planos empresariais em andamento. “Os bancos têm recursos limitados e, naturalmente, vão priorizar o financiamento dos planos empresários que já estão na reta final da construção em 2025”, explicou. 

Renato Correia complementou essa análise ao destacar que os bancos estão redirecionando recursos. “Em vez de ofertar crédito PJ via SBPE, os bancos estão priorizando a pessoa física e oferecendo crédito PJ por meio de recursos captados no mercado, que são mais caros”, afirmou. 

A possível priorização das grandes empresas em relação às pequenas e médias também foi debatida. Correia refutou essa hipótese e citou o exemplo da Caixa, que estabeleceu regras para atender empresas de diversos portes. “A Caixa fez um regramento de utilização do SBPE para 150 empresas com faturamento de até R$ 150 bilhões e um PJ de R$ 20 milhões. Isso mostra que está abastecendo as pequenas e médias empresas. O que pode ocorrer é uma seletividade maior para projetos de média e alta renda, mas não vejo privilégio empresarial explícito”, disse.  

Ely Werthein, vice-presidente de Indústria Imobiliária da CBIC, ressaltou que o aumento do custo do crédito afeta todas as empresas, independentemente do porte. Embora o crédito fora da poupança tenha ficado mais caro, a diferença de fluxo de caixa entre o financiamento tradicional e o custo do empreendimento ainda é administrável. “O aumento do custo do crédito afeta todas as empresas, mas não vejo uma crise iminente. O nível técnico das empresas médias é elevado e os bancos financiam essas companhias há décadas. O impacto do aumento do custo do crédito existe, mas é suportável”, concluiu. 

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