COIC/CBIC apresenta estudos inéditos sobre consórcios e gestão compartilhada em obras industriais 

A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), por meio da sua Comissão de Obras Industriais (COIC), realizou nesta terça-feira (3) um encontro virtual para apresentar os resultados de dois estudos técnicos encomendados pela entidade: Eficácia do Uso de Consórcios em Obras Industriais, conduzido pelo advogado Marcelo Vilela (Portugal Vilela Advogados), e Aplicação de KPIs em Gestão Compartilhada, apresentado por Marcelo e Lucas Figueiredo (Atona Gestão e Inovação). O evento, realizado virtualmente, marcou também o início das discussões sobre o planejamento do Projeto COIC para 2026. 

Ao abrir o encontro, o vice-presidente da COIC/CBIC, Ilso José de Oliveira, ressaltou que os estudos apresentados representam um passo importante para fortalecer a governança e a gestão de projetos industriais no país. Ele destacou que o material será incorporado ao acervo técnico da CBIC e servirá de base para futuras ações da Comissão: “À medida que for apresentado à CBIC, esse material passa a integrar o nosso acervo e apoiar o desenvolvimento de novas diretrizes para o setor.” 

Ilso também enfatizou a importância de ampliar o acesso à formação em gestão compartilhada, reforçando o compromisso da entidade com a capacitação contínua: “Precisamos, no menor tempo possível, ampliar o número de engenheiros com domínio da gestão compartilhada. Essa qualificação faz diferença direta na eficiência dos projetos.” 

Ao agradecer as equipes envolvidas — Portugal Vilela Advogados e à tona Gestão e Inovação — Ilso ressaltou que os resultados desses estudos já orientam o planejamento futuro da COIC: “No início do ano, vamos convidar vocês para a primeira reunião de 2026, quando apresentaremos o nosso novo planejamento.” 

Consórcios: modelos, riscos e governança operacional 

Abrindo os estudos, o advogado Marcelo Vilela apresentou uma análise aprofundada sobre a eficácia dos consórcios em obras industriais, com foco na definição clara das Normas e Procedimentos Operacionais (NPO). “Normas e Procedimentos Operacionais: afinal, quem toca o quê?” resumiu, ao discutir a necessidade de dividir aportes, responsabilidades e riscos de maneira equilibrada entre as consorciadas. 

Entre os desafios recorrentes, destacou a importância de prever mecanismos céleres para lidar com inadimplementos: “Quais as consequências de um inadimplemento de uma consorciada? Haverá cobertura? Qual o custo dessa cobertura financeira ou operacional?” Segundo ele, a definição de contragarantias internas é essencial, especialmente quando todas as empresas respondem conjuntamente perante o contratante: “Se a garantia for das três empresas, como isso se redistribui internamente?” 

Vilela também comparou dois modelos estruturais de consórcio — contratual e com faturamento centralizado — e apontou suas implicações tributárias, operacionais e de compliance. Para ele, “um procedimento ágil de prestação de contas, somado a mecanismos de coordenação e integridade, é determinante para o sucesso de qualquer consórcio.” 

Link da apresentação:  https://cbic.org.br/wp-content/uploads/2025/12/consorciosmarcelovilela.pptx

Gestão compartilhada: maturidade, indicadores e pilotos para 2026 

Em seguida, Marcelo e Lucas Figueiredo, da consultoria Atona Gestão e Inovação, detalharam a metodologia desenvolvida para mensurar a eficácia da gestão compartilhada em obras industriais. O objetivo central, segundo Marcelo, é criar uma base sólida de indicadores: “Estabelecer KPIs que nos permitam praticar a cultura da gestão compartilhada e medir a eficiência desse processo.” 

O primeiro passo é avaliar o nível de maturidade dos consórcios, utilizando como referência o modelo do professor Darcy Prado. “Como vamos identificar o quão maduros estamos? Decidimos utilizar uma ferramenta consolidada”, explicou Marcelo. Como parâmetro inicial, o professor Darcy pontuou que empresas com alta competência em obras industriais tendem a apresentar níveis superiores a 80%, enquanto a média nacional hoje está em 62%. 

A metodologia define três grandes grupos de indicadores:
• Lagging (resultado) — desempenho final dos projetos;
• Leading (processo) — entregas parciais e correções de rota;
• Aderência e agilidade — qualidade da metodologia e da tomada de decisão. 

Um dos destaques apresentados foi o Índice de Eficiência Colaborativa (IECE), que mede a capacidade do consórcio de transformar qualidade de relacionamento e processos integrados em resultados concretos. Outro indicador proposto é o ROI da gestão compartilhada, que calcula o retorno direto dos esforços colaborativos. 

Os consultores também sugeriram à COIC a realização de projetos piloto em 2026: “Buscar um ou dois projetos para aplicar a metodologia e começar a medir longitudinalmente é o próximo passo natural.” Um dos cases apresentados demonstrou ganho de eficiência por meio do compartilhamento de recursos, levando a mobilização mais rápida e melhor coordenação geral. 

Link da apresentação: https://cbic.org.br/wp-content/uploads/2025/12/cbicmanualgestaocompartilhadacoic03122025.pdf

Balanço do ano  

No encerramento, Ilso José de Oliveira apresentou um panorama das ações desenvolvidas pela COIC ao longo de 2025, destacando o avanço de projetos estruturantes voltados à engenharia, inovação e gestão. “Nós tínhamos sete projetos — engenharia, valor e desenvolvimento, o fórum de inovação e sustentabilidade em construção industrial, a cultura da gestão compartilhada e os roadshows”, resumiu. 

Ele lembrou que o calendário foi intenso e distribuído ao longo de todo o ano: “Para cumprir esses projetos, fizemos um cronograma de atividades começando em 20 de fevereiro… realizamos o 13º e o 14º roadshow e promovemos a maratona do conhecimento.” Esse esforço resultou em forte alcance, especialmente nas ações de capacitação que teve uma adesão expressiva: “Foram 73 participantes presenciais e 526 visualizações… 102 empresas presencialmente e 337 visualizações… e tivemos 1.700 participantes online nesse evento.” 

Ilso também destacou a presença institucional da COIC em eventos nacionais e visitas técnicas. “Participamos da Fundação Dom Cabral, fizemos visita à escola do SESI em Vitória, estivemos na Fenacan e no fórum em Goiânia”, pontuou. Para ele, esse movimento reforça a importância da formação técnica contínua.  

Por fim, projetou os próximos passos e convidou o setor a continuar contribuindo: “Logo no princípio do ano vamos convidar vocês para a primeira reunião de 2026, quando apresentaremos o planejamento para o próximo ciclo.” Ilso encerrou agradecendo as equipes que conduziram os estudos. “Mesmo com o tempo muito curto, conseguimos realizar tudo em prazo recorde”, finalizou.  

O tema tem interface com o projeto “Sustentabilidade das Empresas do Segmento de Obras Industriais e Corporativas”, da Comissão de Obras Industriais (COIC) da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), com a correalização do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Nacional). 

 

 

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