A Comissão da Indústria Imobiliária (CII) da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) realizou, nesta quarta-feira (26), mais uma edição da Rodada de Negócios do Mercado Imobiliário. O encontro reuniu especialistas do setor para debater as perspectivas econômicas, os desafios do crédito e os caminhos para o desenvolvimento do mercado.
Ely Werthein, vice-presidente da CII/CBIC, destacou a importância da atuação dos bancos no setor, mencionando a relevância histórica do Bradesco no crédito imobiliário. Segundo ele, “o Bradesco tem uma história que se confunde, inclusive, com o crédito imobiliário, assim como a Caixa Econômica, um banco que atua bastante”. A fala ressaltou o papel das instituições financeiras na sustentação do setor, especialmente em momentos de incerteza econômica.
O superintendente executivo de negócios do Bradesco, Thiago Spessoto, trouxe uma análise detalhada do cenário atual. Para ele, apesar do aumento da taxa de juros, a demanda por financiamento imobiliário permanece aquecida. “A gente tem um cenário em que a taxa de juros sobe, mas a demanda parece que não está sentindo muito esse efeito”, afirmou. Spessoto também destacou que as incorporadoras estão em uma posição mais sólida do que em crises anteriores, o que proporciona maior resiliência ao setor.
Já Clausens Duarte, vice-presidente da CHIS/CBIC, alertou para os impactos da Selic elevada, especialmente no segmento de médio e alto padrão. “A solução definitiva seria realmente essa taxa descer para patamares mais adequados, idealmente na casa de um dígito, mas isso depende eminentemente do governo organizar as contas públicas”, analisou.
A reunião também abordou as recentes conversas da CBIC com o Banco Central e o Ministério da Fazenda. Werthein compartilhou que, apesar das discussões sobre temas como compulsório e Letras de Crédito Imobiliário (LCI), as reuniões não trouxeram avanços concretos. “Foi uma reunião muito boa, tivemos uma conversa muito produtiva com eles”, disse. Ele também mencionou a preocupação do Banco Central com a inflação persistente, que, mesmo com juros elevados, não tem arrefecido como esperado.
O economista-chefe do Secovi-SP, Celso Petrucci, chamou atenção para a estagnação dos depósitos na caderneta de poupança, principal fonte de financiamento habitacional. “Faz praticamente três, quatro anos que estamos com o mesmo nível de poupança, entre R$ 750 e R$ 800 bilhões. A grande questão é: como vamos substituir esses recursos, se eles não crescem nem diminuem?”, questionou. Segundo ele, é essencial discutir alternativas para garantir a sustentabilidade do financiamento imobiliário a longo prazo.
Por fim, Luís Fernando Mendes, assessor técnico e econômico da CBIC, apresentou um panorama do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e sua utilização no financiamento habitacional. Ele destacou a concentração dos recursos em imóveis usados e a dificuldade de acesso ao crédito habitacional na região Norte. “Ainda existe uma dificuldade latente na região, que conseguiu executar apenas 4% do total dos recursos disponíveis”, observou. Mendes também apontou que os primeiros meses de 2025 podem trazer um aumento na demanda por financiamentos, mas alertou para possíveis oscilações ao longo do ano.
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